Não é de hoje que o assunto sobre aposentadoria é uma incógnita e gera insegurança para os brasileiros. Com a incerteza do futuro financeiro, muitas pessoas começaram a buscar por alternativas, como a previdência privada, para complementação de renda.
Neste artigo, vou abordar:
- O que é e os tipos de Previdência Privada
- Como funciona a Previdência Privada
- Como escolher um plano de Previdência Privada
- Vantagens e Desvantagens deste investimento
- Vale a pena investir em Previdência Privada?
O que é previdência privada
A previdência privada é uma aposentadoria que não está ligada ao INSS. Como o próprio nome diz, ela é privada: você é o responsável por contratar esse produto e tem toda a liberdade de escolher o valor, o tempo e se quer resgatar antes.
Todo setor de previdência privada é fiscalizado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Esse é o mesmo órgão que fiscaliza as seguradoras no Brasil.
Uma previdência privada pode ser contratada por meio de bancos, de corretoras, que são os intermediários entre você e a seguradora.
A Previdência Privada pode ser conhecida como uma alternativa para complementar, vulgo “se aposentar melhor”, recebendo mais do que a previdência social pelo INSS. Nesse caso, uma previdência privada funcionaria como uma espécie de “segunda aposentadoria”.
Como funciona a Previdência Privada
Esse é um investimento simples que possui duas fases distintas: de acumular e depois de resgatar.
A fase do acúmulo é onde você mensalmente colocará um valor definido por você, que pode ser configurado para debitar automaticamente da sua conta. O que é uma estratégia importante para pessoas que têm mais dificuldade em guardar dinheiro.
Já a fase do resgate, é a fase onde você receberá o valor da previdência, que pode ser transformada em:
- Uma renda mensal vitalícia, para o resto da vida. Você receberá um valor X até a sua morte;
- Renda por um tempo determinado, como por exemplo, 25 anos. Você receberá um valor mensalmente por 25 anos;
- Resgatar tudo de uma vez.
Essa decisão de como quer receber o dinheiro da sua previdência você pode tomar no momento do resgate, a depender do tanto de dinheiro que você acumulou.
Como escolher um plano de Previdência Privada
Se você decidir contratar um plano de previdência privada, precisará definir duas coisas antes:
- O tipo de plano;
- A tabela de tributação.
Essa decisão é extremamente importante, pois vai impactar muito quando você estiver na fase do resgate. Então, é uma decisão que você toma hoje, mas só sente o resultado dela no final.
O impacto de escolher errado aqui pode resultar em cobrança maior de imposto de renda lá na frente.
Para saber o que escolher, é importante responder essas perguntas:
- Como faço minha declaração de IR hoje? Isenta, simplificada ou completa?
- Quanto tempo irei contribuir para o plano? Quantos anos?
- Qual o valor que posso guardar por mês?
Exemplo 1: Maria tem 25 anos, salário de R$1.800 reais e quer fazer uma previdência para usar a partir dos 60 anos, colocando R$100 por mês. As respostas da Maria seriam:
- Sou isenta de declarar imposto de renda.
- Irei contribuir por 35 anos.
- Posso guardar R$100 reais por mês, inicialmente.
Exemplo 2: Joana tem 30 anos, salário de R $3.000 reais e quer fazer uma previdência para usar a partir dos 60 anos, colocando R$250 por mês. As respostas de Joana seriam:
- Faço uma declaração simplificada.
- Irei contribuir por 30 anos.
- Posso guardar R$250 reais por mês, inicialmente.
Agora vou explicar para você os tipos de planos e os tipos de tributação.
Conheça os tipos de previdência privada
Hoje em dia, é possível encontrar dois tipos de previdência privada sendo oferecidos pelos bancos e instituições financeiras. Conheça:
Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)
Este tipo de título de previdência privada é recomendado para pessoas com renda mais alta, pois o valor pago ao plano pode ser abatido no Imposto de Renda, desde que esse valor represente até 12% de sua renda bruta anual.
Exemplo: Se a sua renda anual for de 100 mil reais, que é um salário mensal de 7.692,31, considerando o décimo terceiro, os 12% serão 12.000 reais ou 1.000 reais por mês para contribuir para um plano de previdência privada do tipo PGBL. A alíquota de imposto dessa faixa salarial é de 27,5%.
Sendo assim, 12.000 mil x 27,5 % são 3.300 reais, que é o valor que poderá ser restituído no imposto de renda.
Para esse plano, o imposto de renda será cobrado sobre o total resgatado. Isso quer dizer que, se você acumulou 300 mil reais em 30 anos, contando o que você colocou todos os meses mais os juros, você iria pagar imposto sobre tudo.
Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)
Já a previdência privada VGBL não pode ser abatida na declaração de Imposto de Renda, é o plano de previdência adequado para quem é isento de declarar o IR ou que faz a declaração simplificada.
Para esse plano, o imposto de renda será cobrado somente sobre o lucro obtido. Isso quer dizer que se você acumulou 300 mil reais em 30 anos, e desses 300 mil, 150mil é rendimento de juros, você iria pagar imposto sobre esses 150 mil.
Então, se você não tem necessidade de fazer uma declaração de renda completa, que é mais comum em quem tem renda mais alta ou possui muitas despesas para deduzir, o seu tipo de plano será o VGBL.
Bom, agora que você já sabe qual tipo de plano se encaixa no seu perfil, ainda temos mais um ponto para decidir: a tabela de tributação.
A tabela de tributação
Para contratar um plano de Previdência Privada, após definir o seu tipo de plano, será necessário escolher qual tabela de imposto você será tributada.
Então vamos a elas:
Tabela Regressiva ou definitiva: a tabela regressiva começa da alíquota maior até a menor, de cima para baixo. E as alíquotas reduzem conforme o tempo que você permanece no plano.
A maioria dos planos de previdência são contratados para longuíssimo prazo, 20, 30, 40 anos. Então, quanto maior o prazo, menor será a tributação.
Tabela Regressiva | |
---|---|
Prazo | Porcentagem |
Até 2 anos | 35% |
A partir de 2 anos até 4 anos | 30% |
A partir de 4 anos até 6 anos | 25% |
A partir de 6 anos até 8 anos | 20% |
A partir de 8 anos até 10 anos | 15% |
Acima de 10 anos | 10% |
Essa tabela também penaliza quem resgatar o plano de previdência muito cedo, visto que as alíquotas são bem salgadas para os primeiros anos.
A tabela regressiva ou definitiva pode ser uma ótima escolha para quem planeja usar o investimento no longo prazo. Se você tem o objetivo de ficar bastante tempo com a previdência, essa tabela vai ser sua melhor amiga porque a alíquota de IR diminui ao longo dos anos
Tabela progressiva: essa tabela seguirá a mesma regra da tabela de imposto de renda do salário da trabalhadora brasileira, que nesse momento é:
Tabela Progressiva | |
---|---|
Prazo | Porcentagem |
Até R$ 1.903,98 | Isento |
De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 | 7,5% |
De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 | 15,0% |
De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 | 22,5% |
Acima de R$ 4.664,68 | 27,5% |
Essa é de baixo para cima, da menor alíquota, que é 0 para o maior que é 27,5% e ela pode ser alterada para a tabela definitiva ao longo do tempo de contribuição, já o contrário não pode ser feito.
A tabela progressiva pode ser uma opção caso seu objetivo seja resgatar um benefício mensal de valor baixo, que fique dentro da faixa de isenção de imposto.
Essas duas tabelas são bem distintas e fazem uma diferença enorme no plano escolhido.
Imagine você chegar aos seus 60 anos podendo ter uma previdência de 5.000 por mês, só que ao invés de pagar 10% de imposto, você estará pagando 27,5%. Não seria nada legal, não é mesmo?
Uma previdência privada pode ser um investimento perfeito para quem não quer investir por conta própria, e também para quem tem dificuldades em guardar dinheiro sozinha, já que a previdência pode ser configurada para débito em conta.
Agora, se ela for mal escolhida, pode ser um péssimo investimento e todo o esforço de uma vida não valerá a pena.
Então, eu recomendo que você peça ajuda de um profissional para tomar essa decisão junto com você.
De preferência alguém que não tenha conflitos de interesses, que é o caso de uma consultora financeira como a da Zelo Finanças. Considerando que essa escolha é de longo prazo, pode ter certeza que vai sair barato você escolher corretamente a sua previdência.

Previdencia Privada: vantagens e desvantagens
Como todo investimento, ao estudar a fundo entenderem os seus pontos positivos e os pontos que o investidor precisa estar ciente antes da contratação. É por meio desses fatos que você vai conseguir observar se este investimento vale a pena para a sua cartela de investimentos, ou se é preciso procurar por outras alternativas.
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Vantagens
- Alternativa simplificada para quem busca juntar dinheiro a longo prazo;
- Investimento pode ser programado para debitar automaticamente da sua conta todo mês;
- Se você vier a falecer, ao contrário de todo o restante da sua herança, os valores contidos nos fundos de previdência não passam por inventário (por enquanto).
- Incentivo fiscal para longo prazo e isenção fiscal para valores baixos;
- Os planos da previdência são flexíveis;
- Você pode fazer a portabilidade da sua previdência para outra instituição financeira, sem custo;
- A renda acumulada pela previdência pode ser utilizada como complemento de aposentadoria;
- O imposto cobrado incide apenas no período de resgate do plano;
- É possível resgatar o dinheiro investido antes do final do período contratado, porém na maioria das vezes não é vantajoso
Desvantagens
- A rentabilidade pode ficar um pouco prejudicada por conta das taxas administrativas cobradas;
- Dependendo do plano e do valor investido, é mais benéfico o investimento em outras aplicações em renda fixa, por isso peça ajuda para um especialista.
Vale a pena investir em Previdência Privada?
Após a leitura deste artigo, você deve ter aprendido que a previdência privada é um investimento simples que exige alguns cuidados no momento da contratação.
É também um investimento bastante popular no Brasil. Além disso, é muito fácil começar a investir nesta aplicação, é só ir a qualquer banco ou corretora e fazer a contratação.
No entanto, esse investimento voltado para proteção da sua velhice pode ser herói ou vilão, dependendo das suas escolhas.
A verdade é que a maioria dos planos de previdência são ruins, piores que uma poupança, principalmente aqueles de grandes bancos, que a maioria das pessoas contrata.
Então, é preciso tomar cuidado ao escolher o investimento certo para a sua aposentadoria. A previdência privada pode ser um excelente investimento, mas não é a única opção disponível.
